"Só agora Amaro acredita que a Primavera chegou: de sua janela vê Clarissa a brincar sob os pessegueiros floridos." Erico Verissimo
segunda-feira, 28 de março de 2011
dia Maria Gabriela Llansol
A sala Almada Negreiros, no CCB, encheu-se ontem de fervorosos seguidores da obra de Llansol. O Livros no Bolso esteve lá, mas as imposições do directo fizeram com que muita coisa ficasse por dizer. A emissão esteve, pois, longe de me agradar. Deixo, de qualquer modo, o podcast, na expectativa de em breve poder voltar àquela que é já reconhecida como uma das figuras maiores da literatura portuguesa.
terça-feira, 22 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
no dia mundial da poesia
faço-me acompanhar de Fiama e escolho um poema do livro que trago comigo.
Sombra com a luz ainda nos últimos ramos
do próprio desejo: a invocação de abril, o mês
onde o lugar pressente ser o verão
entre a proposta de flores e a face do fruto (a de
um sólido). Perdida, pois, a doce luz do inverno, a necessária
ao rosto (depois de longas noites entre seus dobres,
neve dolorosa), a matinal. Rosto
com o vidro, linhas (de veias) reflectindo
o mundo (vário) (alheio). Enquanto a luz transpõe
copas, os cumes e o segundo
crepúsculo (a tarde) é incessante.
(Este) Rosto
Fiama Hasse Pais Brandão
Âmago - Antologia
Assírio & Alvim, 2010
Sombra com a luz ainda nos últimos ramos
do próprio desejo: a invocação de abril, o mês
onde o lugar pressente ser o verão
entre a proposta de flores e a face do fruto (a de
um sólido). Perdida, pois, a doce luz do inverno, a necessária
ao rosto (depois de longas noites entre seus dobres,
neve dolorosa), a matinal. Rosto
com o vidro, linhas (de veias) reflectindo
o mundo (vário) (alheio). Enquanto a luz transpõe
copas, os cumes e o segundo
crepúsculo (a tarde) é incessante.
(Este) Rosto
Fiama Hasse Pais Brandão
Âmago - Antologia
Assírio & Alvim, 2010
domingo, 20 de março de 2011
Um poema
Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde
António Ramos Rosa
Estou Vivo e Escrevo Sol, 1996
sábado, 19 de março de 2011
amanhã vai ser assim
14h30 ‹ 18h20 CCB, Sala Fernando Pessoa
MARATONA DE LEITURA
Seleção de poemas de Herberto Helder ditos por diferentes personalidades.
Apresentação e coordenação Pedro Lamares
Leitores: António Mega Ferreira / Paula Morão / Isabel Alçada / Fernando Pinto do Amaral / Gabriela Canavilhas / Paulo da Costa Domingos / Lídia Jorge / Maria João Seixas / Diana Pimentel / Inês Fonseca Santos / Filipa Leal / Diogo Dória
Edição de referência Ofício Cantante, Assírio e Alvim, Lisboa 2009
14h30 ‹ 18h15 CCB, Sala Luis de Freitas Branco
DE VIVA VOZ
Poetas e outras personalidades dizem poesia sua ou de outros.
Apresentação e coordenação Elisabete Caramelo
Leitores: Fernando Echevarría / Filipa Leal / Jaime Rocha / Armando Silva Carvalho Pedro Mexia / Gastão Cruz / Pedro Tamen / Margarida Vale de Gato / Nuno Júdice Miguel Manso / A. Dasilva O. / António Carlos Cortez
MARATONA DE LEITURA
Seleção de poemas de Herberto Helder ditos por diferentes personalidades.
Apresentação e coordenação Pedro Lamares
Leitores: António Mega Ferreira / Paula Morão / Isabel Alçada / Fernando Pinto do Amaral / Gabriela Canavilhas / Paulo da Costa Domingos / Lídia Jorge / Maria João Seixas / Diana Pimentel / Inês Fonseca Santos / Filipa Leal / Diogo Dória
Edição de referência Ofício Cantante, Assírio e Alvim, Lisboa 2009
14h30 ‹ 18h15 CCB, Sala Luis de Freitas Branco
DE VIVA VOZ
Poetas e outras personalidades dizem poesia sua ou de outros.
Apresentação e coordenação Elisabete Caramelo
Leitores: Fernando Echevarría / Filipa Leal / Jaime Rocha / Armando Silva Carvalho Pedro Mexia / Gastão Cruz / Pedro Tamen / Margarida Vale de Gato / Nuno Júdice Miguel Manso / A. Dasilva O. / António Carlos Cortez
domingo, 13 de março de 2011
Daqui a pouco, no Livros no Bolso
Continuamos na literatura americana mas recuamos esta semana à era da pós-depressão com John Fante, influência de toda uma geração de escritores – Bukowski foi, talvez, o seu mais fervoroso seguidor – mas profundamente negligenciado no país que o viu nascer, tendo permanecido, durante muitos anos, fora da vasta história da literatura americana do século XX.
Ignorado por muitos, mas aclamado por todos os que tiveram o privilégio de chegar à sua escrita, Fante trouxe uma forma distinta de escrever, livre de preconceitos e carregada de humor, emoção e sofrimento, num registo de uma simplicidade surpreendente, como se as palavras tivessem vida para além do romance.
Os seus livros começaram finalmente a ser editados entre nós graças à Ahab Edições, que se lançou no mercado nacional em finais de 2009 e, desde então, já publicou Pergunta ao Pó e A Primavera Há-de Chegar, Bandini. Pergunta ao Pó é o livro que proponho levar ao Café Central, algures entre as 17h e as 18h, em 92.8fm.
quinta-feira, 10 de março de 2011
tarde judaica com a Livros Cotovia
Este Sábado a livros Cotovia promove uma tarde dedicada à colecção judaica, com a leitura de trechos de livros de Paul Celan, Iosif Brodskii, Adrienne Rich e Moacyr Scliar por Andresa Soares, Diogo Dória e Cláudio da Silva.
Pelo meio, experimentam-se petiscos da cozinha judaica enquanto se espreitam livros manuseados, novos, esgotados, ou edições raras da Cotovia.
Clube Ferroviário, entre as 12h e as 18h!
terça-feira, 8 de março de 2011
dois ou três motivos para uma visita à Trama
são bem mais do que dois ou três e podem ser conferidos aqui.
domingo, 6 de março de 2011
elogio da leitura
A revista Ler celebra este mês a saída para as bancas do número 100. Um número especial, desde já por ser sinal de continuidade de um projecto que só veio enriquecer o panorama literário português, mas acima de tudo, pela grande entrevista com que presenteou os seus leitores.
Geroge Steiner, um dos maiores pensadores da actualidade, mestre da língua e da literatura, fala justamente do poder da linguagem e dos grande movimentos literários da actualidade, das exigências da leitura, do ensino universitário, dos novos modelos de nacionalidade. E da sua descoberta da literatura portuguesa.
Os quatro leitores que acompanham este blog (vá, talvez sejam cinco), sabem o que penso de Lobo Antunes, embora me escuse a comentários acerca do Nobel. Foi pois com enorme satisfação, que assisti ao elogio de um gigante a outro gigante.
E depois, a sabedoria de quem vive sem pressa. Li e reli a passagem em que falava das condições para ler, ler seriamente: silêncio, aprender de cor e privacidade. Detenho-me numa: "saber, saborear de cor, com o coração, não com a cabeça. (...) Eu sou muito velho, mas tento, todos os dias, ou quase todos, aprender um poema, ou fragmentos de um poema, de cor, porque é assim que se agradece uma bela obra. (...) A partir do momento em que sabemos um poema de cor, algumas poucas linhas, ele começa a viver dentro de nós."
Fecho os olhos, e murmuro sucessivas vezes
Estamos como sons, peixes
repercutidos. O homem rói dentro do homem,
criam-se
olhos que vêem na obscuridade.
Deitamos flor pelo lado de dentro.
Helberto Helder
Ou o poema contínuo
súmulaAssírio & Alvim
Geroge Steiner, um dos maiores pensadores da actualidade, mestre da língua e da literatura, fala justamente do poder da linguagem e dos grande movimentos literários da actualidade, das exigências da leitura, do ensino universitário, dos novos modelos de nacionalidade. E da sua descoberta da literatura portuguesa.
Os quatro leitores que acompanham este blog (vá, talvez sejam cinco), sabem o que penso de Lobo Antunes, embora me escuse a comentários acerca do Nobel. Foi pois com enorme satisfação, que assisti ao elogio de um gigante a outro gigante.
E depois, a sabedoria de quem vive sem pressa. Li e reli a passagem em que falava das condições para ler, ler seriamente: silêncio, aprender de cor e privacidade. Detenho-me numa: "saber, saborear de cor, com o coração, não com a cabeça. (...) Eu sou muito velho, mas tento, todos os dias, ou quase todos, aprender um poema, ou fragmentos de um poema, de cor, porque é assim que se agradece uma bela obra. (...) A partir do momento em que sabemos um poema de cor, algumas poucas linhas, ele começa a viver dentro de nós."
Fecho os olhos, e murmuro sucessivas vezes
Estamos como sons, peixes
repercutidos. O homem rói dentro do homem,
criam-se
olhos que vêem na obscuridade.
Deitamos flor pelo lado de dentro.
Helberto Helder
Ou o poema contínuo
súmulaAssírio & Alvim
quarta-feira, 2 de março de 2011
Tóquio, cidade do simulacro
João Paulo Cuenca e Rui Zink, realistas da imaginação alucinada, como os descreveu Inês Pedrosa, estiveram na Casa Fernando Pessoa a falar dos seus mais recentes livros, mas a conversa acabaria por derivar numa viagem ao Japão e à cultura alucinada e delirante de um país onde inevitavelmente nos sentimos estrangeiros.
Para entrar na viagem, dirija-se a uma livraria, biblioteca, alfarrabista, estante de um familiar ou amigo e procure O Único Final Feliz para uma História de Amor é um Acidente (Caminho) de João Paulo Cuenca e Rei (Asa), de António Jorge Gonçalves e Rui Zink.
Entretanto, uma boa notícia: a Casa Fernando Pessoa vai lançar brevemente um curso de literatura brasileira com Amilcar Bettega. Os interessados que fiquem atentos!
lançamentos
Um por dia, até sexta-feira.
2 de Março
Desobediência. Poemas Escolhidos (Dom Quixote), Eduardo Pitta
Apresentação de valter hugo mãe
Livraria Leya na Barata (Av. Roma) 19h.
3 de Março
Cadernos Blaufuks I e II (Tinta da China), Daniel Blaufuks
Apresentação de Gonçalo M. Tavares
Pó dos Livros, 19h
4 de Março
Onde a Vida se Perde (Quetzal), Paulo Ferreira
Apresentação de valter hugo mãe
Cinema S. Jorge, 22h
2 de Março
Desobediência. Poemas Escolhidos (Dom Quixote), Eduardo Pitta
Apresentação de valter hugo mãe
Livraria Leya na Barata (Av. Roma) 19h.
3 de Março
Cadernos Blaufuks I e II (Tinta da China), Daniel Blaufuks
Apresentação de Gonçalo M. Tavares
Pó dos Livros, 19h
4 de Março
Onde a Vida se Perde (Quetzal), Paulo Ferreira
Apresentação de valter hugo mãe
Cinema S. Jorge, 22h
terça-feira, 1 de março de 2011
Updike Redux
I basically read for escape from my own world into other worlds. And I was attracted to people who wrote funny books, books that made me laugh. James Thurber was a childhood idol. Robert Benchley, various New York and New Yorker writers. (...) But Shakespeare, of course, was an especially great revelation. And out of college I discovered Proust for myself. (...) J.D. Salinger was a new writer when I got out, by the time I was out of college. And I read him with great interest because he seemed to me to be really opening new territory or to be seeing America in a new way. And of course Nabokov was also a revelation in what… What a writer, I guess, what a young writer is looking for are new ways to write, or a fresh way to write, and Salinger, Nabokov, Proust, and Henry Greene are the ones who woke me up most vividly.
Retirado da entrevista de Lila Azam Zanganeh, 2006, publicada em Novembro de 2010.
O prazer que dá ler bons escritores quando bem entrevistados. O alerta para esta publicação póstuma veio daqui.
Retirado da entrevista de Lila Azam Zanganeh, 2006, publicada em Novembro de 2010.
O prazer que dá ler bons escritores quando bem entrevistados. O alerta para esta publicação póstuma veio daqui.
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