domingo, 6 de março de 2011

elogio da leitura

A revista Ler celebra este mês a saída para as bancas do número 100. Um número especial, desde já por ser sinal de continuidade de um projecto que só veio enriquecer o panorama literário português, mas acima de tudo, pela grande entrevista com que presenteou os seus leitores.
Geroge Steiner, um dos maiores pensadores da actualidade, mestre da língua e da literatura, fala justamente do poder da linguagem e dos grande movimentos literários da actualidade, das exigências da leitura, do ensino universitário, dos novos modelos de nacionalidade. E da sua descoberta da literatura portuguesa.
Os quatro leitores que acompanham este blog (vá, talvez sejam cinco), sabem o que penso de Lobo Antunes, embora me escuse a comentários acerca do Nobel. Foi pois com enorme satisfação, que assisti ao elogio de um gigante a outro gigante.
E depois, a sabedoria de quem vive sem pressa. Li e reli a passagem em que falava das condições para ler, ler seriamente: silêncio, aprender de cor e privacidade. Detenho-me numa: "saber, saborear de cor, com o coração, não com a cabeça. (...) Eu sou muito velho, mas tento, todos os dias, ou quase todos, aprender um poema, ou fragmentos de um poema, de cor, porque é assim que se agradece uma bela obra. (...) A partir do momento em que sabemos um poema de cor, algumas poucas linhas, ele começa a viver dentro de nós."

Fecho os olhos, e murmuro sucessivas vezes

Estamos como sons, peixes
repercutidos. O homem rói dentro do homem,
criam-se
olhos que vêem na obscuridade.
Deitamos flor pelo lado de dentro.


Helberto Helder
Ou o poema contínuo
súmula
Assírio & Alvim

Sem comentários:

Enviar um comentário