lembrando Pessoa, 75 anos depois

Há dias em que cada pessoa que encontro, e, ainda mais, as pessoas habituais do meu convívio forçado e quotidiano, assumem aspectos de símbolos e, ou isolados ou ligando-se, formam uma escrita profética ou oculta, descritiva em sombras, da minha vida. O escritório torna-se-me uma página com palavras de gente; a rua é um livro; as palavras trocadas com os usuais, os desabituais que encontro, são dizeres para que me falta o dicionário mas não de todo o entendimento.

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

Quixote a várias vozes

Goste-se ou não, a iniciativa é inédita e merece destaque. Um Quixote 2.0 que vai crescendo no youtube à medida que os seus muitos leitores lhe dão vida frente a uma câmara.

livros no bolso, em dia de passagem pela imprensa

Revista Visão
- primeiro de três volumes da Autobiografia de Mark Twain, pela University of California Press;
- reportagem sobre as novas editoras independentes - histórias de sucesso em tempos de crise;

Revista Sábado
- os 75 anos da morte de Fernando Pessoa (30 de Novembro de 1935)

Actual, Jornal Expresso
- The Beatles - Discografia Portuguesa a 45 rpm, de Abel Soares Rosa.
- O Sonho do Celta, Mario Vargas Llosa, Quetzal
- O Espectador Emancipado, ensaio de Jacques Rancière, Orfeu Negro

copos & literatura (em jeito de continuação)

A resposta ao repto do bibliotecário de babel foi mais fácil do que imaginava. Bastou abrir o Lisboa Livro de Bordo e José Cardoso Pires encarregou-se do resto.

Em frente ao British Bar, o Americano que Pessoa frequentava às horas litúrgicas dos "morning drinkers",

O Procópio, tocado por uma vaga brisa pós-romântica, cadeiras de veludo, reflexos de Art Déco, relógio cavalinho e candeeiros de Guimard, num arranjo de burguesia particular era, juntamente com A Paródia e o Pavilhão Chinês, destino de eleição de Cardoso Pires.

No largo da Graça, O Botequim recém-recuperado, onde Natália Correia se movia por entre música e literatura da que se lê alto.


Eis o meu contributo para a cartografia dos bares de quem escreveu Lisboa.

alegrias

Duas de uma vez:

Amanhã, dia de Balanço Literário no CNC. Em discussão, o romance brasileiro por Maria Aparecida Ribeiro. O programa completo pode ser relembrado aqui

Amanhã também, inaugura a Festa dos Livros na Gulbenkian (loja do museu). Até 23 de Dezembro, as edições da Fundação Gulbenkian vão estar em destaque a preço de saldo.

josé e pilar

Um hino à vida. Obrigatório ver.
Não me inscrevo no grupo dos fervorosos admiradores de Saramago, mas José arrebatou-me.
E depois, Noiserv.
Obrigatório, obrigatório.

daqui a pouco, no livros no bolso

Algures entre as 17h e as 18h, em 92.8 fm. Até lá, a tarde passa-se no CCB. Um dia Tolstoi, portanto.

dias Tolstoi

Vai ser muito bom. Programa completo aqui

Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa

Há precisamente 98 anos, no dia 16 de Novembro de 1912, escrevia Sá-Carneiro de Paris:

Não tenho de forma alguma passado feliz nesta terra ideal. Tenho mesmo vivido ultimamente alguns dos dias piores da minha vida. Porquê? indagará você. Por coisa alguma - é a minha resposta Ou antes: por mil pequeninas coisas que somam um total horrível e desolador. Olho para trás, e os tempos a que eu chamei desventurados, afiguram-se-me hoje áureos, suaves e benéficos. Diante de mim, a estrada vai pouco a pouco estreitando-se, emaranhando-se, perdendo o arvoredo frondoso que a abrigava do sol e do vento. E eu cada vez mais me convenço de que não saberei resistir ao temporal desfeito - à Vida, em suma, onde nunca terei lugar.

Tão triste. Tão Sá-Carneiro.

hoje à tarde, no livros no bolso

falou-se da reedição de Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (Dom Quixote) e da excelente reportagem publicada no suplemento Ípsilon na passada sexta-feira;
falou-se de GMT, o Senhor Biblioteca, como lhe chamou a Revista Visão, e dos seus três mais recentes livros: Uma Viagem à Índia (Caminho), apresentado ontem no CCB por Vasco Graça Moura, Matteo Perdeu o Emprego (Porto Editora), que na próxima quarta-feira chega às livrarias e O Senhor Eliot e as Conferências (Caminho), da série O Bairro;
falou-se de Chico Buarque, vencedor com Leite Derramado de dois dos mais importantes prémios literários do Brasil - o Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa e o Prémio Jabuti de ficção.
O podcast estará brevemente disponível aqui e no sítio do Café Central

E agora na proporção inversa

Historia

Un cronopio pequeñito buscaba la llave de la puerta de la calle en la mesa de la luz, la mesa de la luz en el dormitorio, el dormitorio en la casa, la casa en la calle. Aquí se detenía el cronopio, pues para salir a la calle precisaba la llave de la puerta.


Julio Cortázar, Historias de Cronopios y de Famas

The Reverend Arthur Beebe, The Reverend Cuthbert Eager, Mr. Emerson, Mr. George Emerson, Miss Eleanor Lavish, Miss Charlotte Bartlett, and Miss Lucy H

e, excedido o limite de caracteres do blogger, continua assim:

(H)oneychurch Drive Out in Carriages to See a View; Italians Drive Tem.

Prémio Jabuti (ou outro, visto que este já se encontra atribuído não obstante a polémica) a quem encontrar título de capítulo mais extenso do que este.

hoje à tarde foi assim

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

livros no bolso de volta ao café central

É já amanhã, algures entre as 17h e as 18h, na Rádio Horizonte. Para a retomada, um livro lançado há pouco entre nós e que tem feito as delícias da comunidade de leitores de Thomas Pynchon. Senhoras e Senhores, Vício Intrínseco.

coisas de trabalho

Bonito ver que os livros também se cruzam com os meus domínios de trabalho. Bem que eu queria que a próxima paragem fosse São Paulo, mas vá, hoje fico-me ali pelo Lumiar que também não está nada mal.
O link,
e uma foto

Janelas que são estantes e também são portas. Like this.

cavalheirismo rústico

É Domingo de Páscoa numa pequena localidade rústica perto de Sicilia. Santuzza procura Turiddo, o amado que se esconde nos braços de Lola, sua amante e mulher de Alfio. Está criada a trama amorosa de desfecho trágico de uma ópera - Cavalleria Rusticana - sobre a peça homónima de Giovanni Verga. Quem a conta é Beatriz Batarda, com a elegância a que já nos vai habituando, mas aqui deixando notar uma certa insegurança, talvez por se tratar de uma experiência nova.
Excelente interpretação da soprano Sónia Alcobaça (Santuzza).
O São Carlos pisca o olho a um público mais jovem, oferecendo um outro olhar sob a obra de Pietro Mascagni. Quem se quiser deixar seduzir ainda vai a tempo - últimos espectáculos no dia 6 e 7 de Novembro.

regala cultura

junto con los libros, una pegatina deciendo "regala cultura - oferta especial". estos me los ha regalado Madrid y yo se lo agradezco.